sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Halloween: Inofensiva Brincadeira Americana?


Halloween: Inofensiva Brincadeira Americana?


Por Jáder Borges
Chegamos na cidade de Minneapolis no mês de outubro e o final do outono anunciava que um rigoroso inverno viria pela frente, com possibilidades de tempestades de neve. À medida que o mês ia passando, casas e lojas iam intensificando as decorações do “Halloween”, o tradicional “dia das bruxas”, quando pregar peças nos outros em forma de sustos e festinhas embaladas com vampiros dançando com múmias, fica liberado. Crianças percorrem casas perguntando algo como “travessuras ou doces?”, e assim, todos esperam a noite cair, para que monstros e abóboras desfiguradas comandem a festa, ao som de muito agito, “Halloween”. O que esta palavra significa? A Funk and Wagnalls New Encyclopedia informa que este termo é aplicado à noite que precede o “dia de todos os santos”, uma espécie de abreviação-referência de “Allhallows Evening” (uma tradução mais literal de “Allhallows Evening” seria: “Noite de todos os consagrados”…).
Estão brincando com coisa séria…
A onda do Halloween vem crescendo no Brasil, levantada por centenas de cursos de inglês, escolas com fortes influências americanas, seriados de TV e por muitos jovens que tiveram contato com a América, seja através de estudo ou intercâmbio, e que têm fascínio pela cultura norte-americana. Na comemoração do Halloween, o que se escuta como justificativa é que este é um dos meios mais divertidos de se passar um pouquinho mais a cultura daquele país para os interessados e que tudo não passa de uma divertida e diferente aula de inglês, ou de sociologia, simplesmente carregada na maquiagem e nas sombras. Seria “brincadeira” mesmo? De onde vem o Halloween?
A “brincadeira” do Halloween não tem nada de brincadeira na sua origem. Quando se busca no tempo e na história, nesta época do calendário, os druidas (espécie de feiticeiros, antigos sacerdotes entre os gauleses e bretões), costumavam erguer fogueiras para invocação de Saman, o senhor da morte! Pelo menos outros quatro espíritos também eram invocados, com a finalidade de se consultar sobre o futuro ou sobre coisas ocultas. O povo celta também acreditava que nesta data os espíritos dos mortos voltavam à terra para visitar os lares durante a noite. Os romanos, após conquistarem a Grã-Bretanha, adotaram para si as crenças do Halloween, num de seus festivais rituais, em honra à deusa Pomona, senhora das frutas e das árvores.
Como podemos ver, a fonte dessa “brincadeira” traz consigo rituais e invocações a espíritos, tanto de demônios, como de mortos, coisas estas que a Palavra de Deus, a Bíblia, enfaticamente recomenda para não serem feitas, sob grande risco de tremendos distúrbios emocionais e espirituais. A Bíblia diz para não brincarmos e nem mexermos com o oculto, exatamente porque não existe nada de divertido nas densas trevas espirituais, de onde o Halloween se origina (veja Dt.18.9-14; 20.17,18; Is. 8.19; etc). Todos nós sabemos que quem brinca ao volante de um carro, pode se machucar seriamente; que quem brinca com fogo, pode se queimar… e, que quem brinca com uma arma, pode tombar, vítima de um disparo avassalador. Portanto, não brinque com práticas e representações que se aproximam daquilo que Deus avisou para não ser copiado, ou ridicularizado. As penas poderão ser muito duras.
Ora, irmão, deixe de exagero…
Vampiros, múmias, duendes travessos, fantasmas, feiticeiras e diabinhos; muitos diabinhos…. tudo infernalmente e “divertidamente” fantasiado… Que mal há nisto? Estes e muitos outros ícones do mal estão deixando de assustar as pessoas hoje em dia, e nem o velho diabo assusta mais. Evolução dos tempos? Não. Involução espiritual. O povo se distanciou da Palavra de Deus e penetrou por muitos caminhos, grande parte deles escuros e perigosos. Hoje, brinca-se com o diabo, porque não se acredita mais nele. Jesus Cristo sempre acreditou no diabo e teve com ele e suas hostes, grandes batalhas. O Filho de Deus sempre considerou sua astúcia e terrível maldade, sendo a única Autoridade a quem o diabo teme. Por que brincaria eu com o diabo, se nas páginas da Bíblia ele não tem nada de divertido? Ridicularizaria eu uma cascavel prestes a dar o bote?! Cutucaria uma onça com vara curta, estando a jaula aberta? Rapaz e moça… não brinquem com o diabo, pois ele não brinca com vocês. O que ele quer é devorar vidas! (1a Pe.5.8). Não se aproxime de qualquer ícone do mal nem se fantasie dele, sob o risco de sofrer terríveis perturbações espirituais, de origens demoníacas. Nem Jesus desacreditou da existência do diabo, e nem os anjos o fazem, por que faríamos nós? “Contudo, o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo… não se atreveu a proferir juízo infamatório contra ele; pelo contrário, disse: O Senhor te repreenda!” (Jd. v9). Quem nos informa isto é a Bíblia, a Palavra de Deus. E a Palavra de Deus não mente.
Depressões profundas, ideias suicidas, afundamento nos vícios, bárbaros assassinatos cometidos por jovens, escutar sons de gargalhadas horripilantes e vozes do além pela casa, tudo isso vem acontecendo com milhares de jovens em todo o mundo, que um dia ousaram “brincar” com o diabo ou com ícones a ele associados, e caíram, vítimas de seus laços mortais. Perderia Saman, tido como o senhor da morte, a primeira oportunidade de matar? Acredito que não. (“Saman” é um dos nomes com os quais Satanás se disfarça).
Finalizando, o meu conselho e incentivo é para que você não embarque nesta onda de “Halloween”, só porque a sua escola, ou a sua turma está fazendo tal festa. Professores, lembrem-se que também compete a vocês zelaram pelo bem-estar dos alunos. Não os empurre para iniciações com o mundo das trevas, nem por brincadeira! Desistam de qualquer “brincadeira” do Halloween enquanto ainda é tempo, pois ninguém precisa de Halloween para se divertir, exatamente por não haver diversão em maldições. O que todos nós precisamos é de seguir Jesus Cristo, para sermos verdadeiramente felizes.
Portanto, não vá com os outros, nem que os outros formem multidão. A história está repleta de casos em que a multidão estava completamente desnorteada, pagando um alto preço por causa disso. No caso específico do Halloween, muitos adolescentes e jovens entraram nessa “brincadeira” sem saber das profundas armadilhas espirituais escondidas por trás da “diversão” e hoje sofrem grandes tristezas. Jovens, não deem ouvidos à voz do povo, pois isso nem é bíblico, e trata-se de uma tremenda armação. A voz do povo nunca será a voz de Deus, ainda mais quando empurra pessoas para práticas que Deus condena! A Bíblia é que é a Voz de Deus! Escute o que ela diz: “Não seguirás a multidão para fazeres o mal”… (Êx.23.2a). “Então, perguntou Jesus aos doze: Porventura, quereis também vós outros retirar-vos? Respondeu-Lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna” (Jo 6:68).
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Jáder Borges Filho é pastor da Igreja Presbiteriana do Jardim Satélite, em São José dos Campos (SP), e foi secretário geral do Trabalho com a Infância da IPB (2006-2010). Estudou no Seminário do Recife e na Theologisches Seminar Ewersbach, na Alemanha. Promove o Congresso Infantil Primeiros Passos, voltado para quem trabalha com crianças, EBD e departamentos infantis.
Fonte: Editora Fiel, via Bereianos.

Tragédias, mais uma vez: Deus e Sandy


Tragédias, mais uma vez: Deus e Sandy


Por Augustus Nicodemus Lopes
Toda vez que uma catástrofe ou tragédia de grande proporção atinge o mundo retorna à blogosfera a questão do mal e do sofrimento dos inocentes em um mundo governado por um Deus bom e Todo-Poderoso. É o caso do furacão Sandy, que nestes dias tem causado uma enorme destruição e a morte de dezenas de pessoas nos Estados Unidos e outros países.
De longa data o mal que existe no mundo vem sendo usado como uma tentativa de se provar de que Deus não existe, ou se existe, não é bom. E se for bom, não é todo-poderoso – esta última hipótese defendida pelo teísmo aberto.
“Onde estava Deus quando estas tragédias aconteceram?” é a pergunta de pessoas revoltadas com o fato de que centenas de pessoas boas, desprevenidas, cidadãos de bem, foram apanhados numa tragédia e morreram de forma terrível, deixando para trás famílias, filhos, entes queridos.
Eu entendo a preocupação com o dilema moral que tragédias representam quando vistas a partir do conceito cristão histórico e tradicional de Deus. Se Deus é pessoal, soberano, todo-poderoso, onisciente, amoroso e bom, como então podemos explicar a ocorrência das tragédias, calamidades, doenças, sofrimentos, que atingem bons e maus ao mesmo tempo?
Creio que qualquer tentativa que um cristão que crê que a Bíblia é a Palavra de Deus faça para entender as tragédias, desastres, catástrofes e outros males que sobrevêm à humanidade, não pode deixar de levar em consideração dois componentes da revelação bíblica, que são:
- A realidade da queda moral e espiritual do homem.
- O caráter santo e justo de Deus.
Lemos em Gênesis 1—3 que Deus criou o homem, macho e fêmea, à sua imagem e semelhança, e que os colocou no jardim do Éden, com o mandamento para que não comessem do fruto proibido. O texto relata como eles desobedeceram a Deus, seduzidos pela astúcia e tentação de Satanás, e decaíram assim do estado de inocência, retidão e pureza em que haviam sido criados. As conseqüências, além da queda daquela retidão com que haviam sido criados, foram a separação de Deus, a perda da comunhão com ele, e a corrupção por inteiro de suas faculdades, como vontade, entendimento, emoções, consciência, arbítrio. Pior de tudo, ficaram sujeitos à morte, tanto espiritual, que consiste na separação de Deus, como a física e a eterna, esta última sendo a separação de Deus por toda a eternidade.
Este fato, que chamamos de “queda,” afetou não somente a Adão e Eva, mas trouxe estas conseqüências terríveis a toda a sua descendência, isto é, à humanidade que deles procede, pois eles eram o tronco e a cabeça da raça humana. Em outras palavras, a culpa deles foi imputada por Deus aos seus filhos, e a corrupção de sua natureza foi transmitida por geração ordinária a todos os seus descendentes.
Desde cedo na história da Igreja cristã esta doutrina, que tem sido chamada de “pecado original”, foi questionada por gente como Pelágio, que afirmava que o pecado de Adão e Eva afetou somente a eles mesmos, e que seus filhos nasciam isentos, neutros, sem pecado, e sem culpa e sem corrupção inata. Tal ideia foi habilmente rechaçada por homens como Agostinho, Lutero, Calvino e muitos outros, que demonstraram claramente que o ensino bíblico é o que chamamos de depravação total e transmitida, culpa imputada e corrupção herdada. As conseqüências práticas para nós hoje são terríveis. Por causa desta corrupção inata, com a qual já nascemos, somos totalmente indispostos para com as coisas de Deus; somos, por natureza, inimigos de Deus e, portanto, filhos da ira. É desta natureza corrompida que procedem os nossos pecados, as nossas transgressões, as desobediências, as revoltas contra Deus e sua Palavra.
Agora chegamos no ponto crucial e mais relevante para nosso assunto. Entendo que a Bíblia deixa claro que os nossos pecados, tanto o original quanto os pecados atuais que cometemos, por serem transgressões da lei de Deus, nos tornam culpados e portanto sujeitos à ira justa de Deus, à sua justiça retributiva, pela qual ele trata o pecador de acordo com o que ele merece. Ou seja, a humanidade inteira, sem exceção – visto que não há um único justo, um único que seja inocente e sem pecado – está sujeita ao justo castigo de Deus, o que inclui – atenção! – a morte, as misérias espirituais, temporais (onde se enquadram as tragédias, as calamidades, os desastres, as doenças, o sofrimento) e as misérias espirituais (que a Bíblia chama de morte eterna, inferno, lago de fogo, etc.).
A Bíblia revela com muita clareza, e sem a menor preocupação de deixar Deus sujeito à crítica de ser cruel, déspota e injusto, que ele mesmo é quem determinou tragédias e calamidades sobre a raça humana, como parte das misérias temporais causadas pelo pecado original e as transgressões atuais. Isto, é claro, se você acredita realmente que a Bíblia é a Palavra de Deus, e não uma coleção de idéias, lendas, sagas, mitos e estórias politicamente motivadas e destinadas a justificar seus autores.
De acordo com a Bíblia:
- Foi Deus quem condenou a raça humana à morte no jardim (Gn 2.17; 3.19; Hb 9.27).
- Foi ele quem determinou a catástrofe do dilúvio, que aniquilou a raça humana com exceção da família de Noé (Gn 6.17; Mt 24.39; 2Pe 2.5).
- Foi ele quem destruiu Sodoma, Gomorra e mais várias cidades da região, com fogo caído do céu (Gn 19.24-25).
- Foi ele quem levantou e enviou os caldeus contra a nação de Israel e demais nações ao redor do Mediterrâneo, os quais mataram mulheres, velhos, crianças e fizeram prisioneiros de guerra (Dt 28.49-52; Hab 1.6-11).
- Foi ele quem levantou e enviou contra Israel povos vizinhos para saquear, matar e fazer prisioneiros (2Re 24.2; 2Cr 36.17; Jr 1.15-16).
- Foi ele quem ameaçou Israel com doenças, pestes, fomes, carestia, seca, pragas caso se desviassem dos seus caminhos (Dt 28).
- Foi ele quem enviou as dez pragas contra o Egito, ferindo, matando e trazendo sofrimento a milhares de egípcios, inclusive matando os seus primogênitos (Ex 9.13-14).
- Foi o próprio Jesus quem revelou a João o envio de catástrofes futuras sobre a raça humana, como castigos de Deus, próximo da vinda do Senhor, conforme o livro de Apocalipse, tais como guerras, fomes, pestes, pragas, doenças (Apocalipse 6—9), entre outros.
- Foi o próprio Jesus quem profetizou a chegada de guerras, fomes, terremotos, epidemias (Lc 21.9-11) e a destruição de Jerusalém, que ele chamou de “dias de vingança” de Deus contra o povo que matou o seu Filho, nos quais até mesmo as grávidas haveriam de sofrer (Lc 21.20-26).
- E por fim, Deus já decretou a catástrofe final, a destruição do mundo presente por meio do fogo, no dia do juízo final (2Pe 3.7; 10-12).
Isto não significa, na Bíblia, que o sofrimento das pessoas é sempre causado por uma culpa individual e específica. Há casos, sim, em que as pessoas foram castigadas com sofrimentos temporais em virtude de pecados específicos que cometeram, como por exemplo o rei Uzias que foi ferido de lepra por causa de seu pecado (2Cr 26.19; cf. também o caso de Miriã, Nm 12.10). O rei Davi perdeu um filho por causa de seu adultério (2Sm 12.14). Mas, em muitos outros casos, as tragédias, catástrofes, doenças e sofrimentos não se devem a um pecado específico, mas fazem parte das misérias temporais que sobrevêm à toda a raça humana por conta do estado de pecado e culpa em geral em que todos nós nos encontramos. Deus traz estas misérias e castigos para despertar a raça humana, para provocar o arrependimento, para refrear o pecado do homem, para incutir-lhe temor de Deus, para desapegar o homem das coisas desta vida e levá-lo a refletir sobre as coisas vindouras. Veja, por exemplo, a reflexão atribuída a Moisés no Salmo 90, provavelmente escrito durante os 40 anos de peregrinação no deserto. Veja frases como estas:
“Tu reduzes o homem ao pó e dizes: Tornai, filhos dos homens… Tu os arrastas na torrente, são como um sono, como a relva que floresce de madrugada; de madrugada, viceja e floresce; à tarde, murcha e seca. Pois somos consumidos pela tua ira e pelo teu furor, conturbados. Diante de ti puseste as nossas iniquidades e, sob a luz do teu rosto, os nossos pecados ocultos. Pois todos os nossos dias se passam na tua ira; acabam-se os nossos anos como um breve pensamento…”
Não devemos pensar que aquelas pessoas que ficam doentes, passam por tragédias, morrem em catástrofes eram mais pecadoras do que as demais ou que cometeram determinados pecados que lhes acarretou tal castigo. Foi o próprio Jesus quem ensinou isto quando lhe falaram do massacre dos galileus cometido por Pilatos e a tragédia da queda da torre de Siloé que matou dezoito (Lc 13.1-5). Ele ensinou a mesma coisa no caso do cego relatado em João 9.3-4. Os seus discípulos levantaram o problema do sofrimento do cego a partir de um conceito individualista de culpa, ponto que foi rejeitado por Jesus. A cegueira dele não se deveu a um pecado específico, quer dele, quer de seus pais. As pessoas nascem cegas, deformadas, morrem em tragédias e acidentes, perdem tudo que têm em catástrofes, não necessariamente porque são mais pecadoras do que as demais, mas porque somos todos pecadores, culpados, e sujeitos às misérias, castigos e males aqui neste mundo.
No caso do cego, Jesus disse que ele nascera assim “para que se manifestem nele as obras de Deus” (Jo 9.3). Sofrimento, calamidades, etc., não são somente um prelúdio do julgamento eterno de Deus; há também um tipo de sofrimento no qual Deus é glorificado por meio de Cristo em sua graça, e assim se torna, portanto, um exemplo e um prelúdio da salvação eterna. As tragédias servem para levar as pessoas a refletir sobre a temporalidade e fragilidade da vida, e para levá-las a refletir nas coisas espirituais e eternas. Muitos têm encontrado a Deus no caminho do sofrimento.
O que eu quero dizer é que, diante das tragédias e acidentes devemos nos lembrar que eles ocorrem como parte das misérias e castigos temporais resultantes das nossas culpas, de nossos pecados, como raça pecadora que somos. Poderia ser eu que estava entre as vítimas do furacão Sandy. Ou, alguém muito melhor e mais reto diante de Deus. Ainda assim, Deus não teria cometido qualquer injustiça, ainda que todas as vítimas fossem os melhores homens e mulheres que já pisaram a face da terra. Pois mesmo estes são pecadores. Não existem inocentes diante de Deus. Pensemos nisto, antes de ficarmos indignados contra Deus diante do sofrimento humano.
Por último, preciso deixar claro duas coisas.
Primeira, que nada do que eu disse acima me impede de chorar com os que choram, e sofrer com os que sofrem. Somos membros da mesma raça, e quando um sofre, sofremos com ele.
Segunda, é preciso reconhecer que a revelação bíblica é suficiente, mas não exaustiva. Não temos todas as respostas para todas as perguntas que se levantam quando uma tragédia acontece. Não conhecemos a vida das vítimas e nem os propósitos maiores e finais de Deus com aquela tragédia. Só a eternidade o revelará. Temos que conviver com a falta destas respostas neste lado da eternidade.
Mas, é preferível isto a aceitar respostas que venham a negar o ensino claro da Bíblia sobre Deus, como por exemplo, especular que ele não é soberano e nem onisciente e onipotente. Posso não saber os motivos específicos, mas consola-me saber que Deus é justo, bom e verdadeiro, e que todas as suas obras são perfeitas e retas, e que nele não há engano. fonte;http://www.pulpitocristao.com/

para refletir e responder suas duvidas sobre as aflições do justo e a prosperidade do ímpio, salmo 73


Salmos 73

[Salmo de Asafe] Verdadeiramente bom é Deus para com Israel, para com os limpos de coração.
Quanto a mim, os meus pés quase que se desviaram; pouco faltou para que escorregassem os meus passos.
Pois eu tinha inveja dos néscios, quando via a prosperidade dos ímpios.
Porque não há apertos na sua morte, mas firme está a sua força.
Não se acham em trabalhos como outros homens, nem são afligidos como outros homens.
Por isso a soberba os cerca como um colar; vestem-se de violência como de adorno.
Os olhos deles estão inchados de gordura; eles têm mais do que o coração podia desejar.
São corrompidos e tratam maliciosamente de opressão; falam arrogantemente.
Põem as suas bocas contra os céus, e as suas línguas andam pela terra.
Por isso o povo dele volta aqui, e águas de copo cheio se lhes espremem.
E eles dizem: Como o sabe Deus? Há conhecimento no Altíssimo?
Eis que estes são ímpios, e prosperam no mundo; aumentam em riquezas.
Na verdade que em vão tenho purificado o meu coração; e lavei as minhas mãos na inocência.
Pois todo o dia tenho sido afligido, e castigado cada manhã.
Se eu dissesse: Falarei assim; eis que ofenderia a geração de teus filhos.
Quando pensava em entender isto, foi para mim muito doloroso;
Até que entrei no santuário de Deus; então entendi eu o fim deles.
Certamente tu os puseste em lugares escorregadios; tu os lanças em destruição.
Como caem na desolação, quase num momento! Ficam totalmente consumidos de terrores.
Como um sonho, quando se acorda, assim, ó Senhor, quando acordares, desprezarás a aparência deles.
Assim o meu coração se azedou, e sinto picadas nos meus rins.
Assim me embruteci, e nada sabia; fiquei como um animal perante ti.
Todavia estou de contínuo contigo; tu me sustentaste pela minha mão direita.
Guiar-me-ás com o teu conselho, e depois me receberás na glória.
Quem tenho eu no céu senão a ti? e na terra não há quem eu deseje além de ti.
A minha carne e o meu coração desfalecem; mas Deus é a fortaleza do meu coração, e a minha porção para sempre.
Pois eis que os que se alongam de ti, perecerão; tu tens destruído todos aqueles que se desviam de ti.
Mas para mim, bom é aproximar-me de Deus; pus a minha confiança no Senhor DEUS, para anunciar todas as tuas obras.

A nova cruz e a antiga cruz




Silenciosamente e sem que se apercebesse, uma nova cruz apareceu nesses tempos modernos tomando conta dos círculos evangélicos. É muito parecida com a velha cruz, mas só na aparência, porque é diferente: A semelhança é superficial, e a diferença fundamental. Dessa nova cruz apareceu uma nova filosofia de vida cristã e a partir dessa nova filosofia surgiu uma nova técnica evangélica, um novo tipo de culto e de pregações. Esse novo evangelismo usa a mesma linguagem que o antigo, mas seu conteúdo já não é o mesmo e suas ênfases não são iguais ao velho evangelho.

A velha cruz não estava engajada com o mundo. Para a velha carne adâmica ela significava o fim de uma jornada. Carregava consigo a sentença imposta pela lei do Sinai. A nova cruz não se opõe à raça humana, ao contrário, é uma amiga e, se bem compreendida tornou-se a fonte de bem-estar, de beleza e de inocentes prazeres mundanos. Ela permite que o Adão viva sem interferências. As motivações de sua vida continuam a mesma; o homem não muda. Continua a viver para seu próprio prazer, com a diferença de que agora se deleita em cantar hinos e de ver filmes cristãos – os quais se tornaram substitutos das músicas do mundo e das bebidas. A tônica de sua vida continua o prazer – um prazer num nível mais elevado e intelectualizado.

A nova cruz encoraja uma abordagem evangelística totalmente diferente. O novo evangelho não exige que a pessoa renuncie à vida de pecado para poder receber uma nova vida. Ele não aborda os contrastes, mas as similaridades. Faz questão de mostrar ao seu auditório que o cristianismo não faz exigências e demandas desconfortáveis, ao contrário, oferece o que o mundo dá, apenas num nível superior. Os glamoures do mundo são substituídos pelos glamoures da nova religião que é um produto bem melhor.

A nova cruz não sacrifica o pecador, apenas o redireciona. Ela o conduz por uma vida mais limpa e alegre e preserva sua auto-reputação. Para o auto-determinado diz: Venha e tome uma determinação por Cristo. Ao egoísta proclama: Venha e se alegre no Senhor. Para o aventureiro, diz: Venha e descubra a aventura da comunhão cristã.

A mensagem cristã segue a moda em voga para ser aceitável ao público. A filosofia por trás dessa cruz pode até ser sincera, mas a sinceridade não encobre sua falsidade. É falsa porque é cega. Perde de vista completamente o sentido da cruz. A velha cruz é símbolo de morte. Está ali para dizer ao homem de forma violenta que sua vida chegou ao fim. No império romano quando alguém passava pelas estreitas ruas carregando uma cruz, já havia se despedido de todos os amigos. Não podia voltar atrás. Tinha de seguir até o fim.

A cruz não permitia acordos, nada modificava e nada preservava. Ela matava o homem completamente e para seu bem. A cruz não fazia acordos com sua vítima; ela agia de maneira cruel e dura, e quando sua tarefa terminava, o velho homem deixava de existir. A raça adâmica está condenada a morrer. Não há comutação ou substituição da pena nem escape.

Deus não aprova nenhum dos frutos do pecado, por mais inocente ou belo que pareçam aos olhos do ser humano. Deus salva o homem liquidando-o completamente pra depois ressuscitá-lo a um novo estilo de vida. A evangelização que traça paralelos amistosos entre os caminhos de Deus e do homem é falsa, anti-bíblica e cruel para as almas dos ouvintes.

A fé de Cristo não anda paralela com o mundo; ela o intercepta. Ao nos achegarmos a Cristo não elevamos nossa velha vida a um plano maior; nós a deixamos na cruz. O grão precisa ser enterrado e morrer, antes de ressurgir uma nova planta. Nós os que pregamos o evangelho devemos deixar de lado a ideia de que somos agentes do bom relacionamento de Cristo com o mundo. Não podemos alimentar a ideia de que fomos comissionados para tornar Cristo agradável aos grandes homens de negócios, à imprensa, à mídia, ao mundo dos esportes e da cultura. Não somos diplomatas; somos profetas, e nossa mensagem não é uma aliança, um acordo, e sim um ultimato.

Deus oferece vida, mas não a improvisação da velha vida. A vida que ele oferece é vida que nasce da morte. É uma vida que se posiciona ao lado da cruz. Todos os que a querem têm de passar sob a vara. Precisam negar-se a si mesmo aceitando a justiça de Deus sobre sua vida. O que dizer de uma pessoa condenada que encontra vida em Cristo Jesus? Como essa teologia pode ser aplicada à sua vida? Simples: O homem tem que se arrepender e crer. Ele precisa deixar para trás seus pecados e depois sentir-se perdoado. Não pode encobrir coisa alguma, defender-se e escusar-se.

O homem não pode tentar fazer acordos com Deus, tem que baixar a cabeça ante o descontentamento divino. Deve reconhecer que está disposto a morrer. Depois, espera e confia no Senhor ressuscitado, porque do Senhor vem a vida, o renascimento, a purificação e o poder.

A cruz que deu fim à vida terrena de Jesus põe fim ao pecador; e o poder que ressuscitou a Cristo dos mortos, agora ergue o pecador para sua nova vida com Cristo. Àqueles que fazem objeção a esse fato ou acham que é um ponto de vista estreito e particular da verdade, é preciso dizer que Deus estabeleceu sua marca de aprovação dessa mensagem dos dias de Paulo até hoje. Ditas ou não com essas mesmas palavras, este tem sido o conteúdo de todas as pregações que trouxeram vida e poder ao mundo ao longo dos séculos. Os místicos, os reformadores e os avivalistas deram ênfase à cruz, e sinais, milagres e maravilhas de poder do Espírito Santo são testemunhas da aprovação de Deus.

Será que nós, os herdeiros desse legado de poder podemos contender com a verdade? Será que podemos com nossos lápis (escritos) apagar a marca registrada ou alterar o modelo que nos foi mostrado no monte? Que Deus nos proíba! Preguemos sobre a velha cruz e conheceremos o velho poder.


Autor: A. W. Tozer (1897 - 1963)